Algumas questões que os leitores têm levantado ultimamente, referentes às diferenças na conceção das casas do horóscopo, quando estão em comparação as casas – e o Ascendente- na Astrologia Ocidental e na Astrologia Jyotish- fizeram-nos sentir oportuna a escrita deste artigo.
Basicamente, ele tem a ver com a questão «onde começa verdadeiramente uma casa do horóscopo?» e «qual é o melhor sistema, o da Astrologia ocidental ou o da astrologia Jyotish?» (ou melhor, quais são os melhores sistemas, dentro da Astrologia ocidental e dentro da Astrologia Jyotish pois em ambas existem diversas opções).
Neste artigo não vamos fazer referência à diferença entre os dois Zodíacos seguidos por estes diferentes sistemas pois já o fizemos em outro lugar. Mas queremos alertar o leitor para a realidade de que, tanto na Astrologia Ocidental como na Astrologia Jyotish, há várias formas de calcular as casas. Cada sistema tem o seu conjunto de elementos que, combinados entre si, funcionam.
Porém, como já temos alertado os leitores, não se devem misturar os sistemas , que partem de abordagens diferentes.
O horóscopo , em qualquer sistema, é dividido em 12 partes, cada uma designada por «casa n do horóscopo». Porém, os pressupostos dessa divisão variam. Todos os sistemas concordam em que o conceito de «cúspide» de uma casa é um ponto de máxima intensidade ou força dos significados de cada casa.
Agora, o que nem todos concordam é qual é o ponto de cada casa que corresponde à cúspide. Na Astrologia ocidental, maioritariamente, a cúspide corresponde ao início de uma casa.
Mas há sistemas- Porfírio, na tradição ocidental e Sripati na tradição da Astrologia Jyotish- que consideram que a cúspide corresponde ao «meio» de uma dada casa. Para interpretar os efeitos das configurações do horóscopo, cada sistema de casas obedece a princípios próprios que passamos a resumir para dar uma ideia aos leitores:
Principais Sistemas de Cálculo das Casas do Horóscopo
Sistema «um Signo inteiro uma casa»– Este é considerado o sistema mais antigo de calcular as casas do horóscopo e é o mais seguido pela Astrologia Jyotish. Neste sistema, cada signo completo corresponde a uma casa do horóscopo. Encontrado o grau do Ascendente, o signo onde este cai torna-se na 1ª casa e os signos seguintes correspondem às restantes casas. Neste sistema a questão da «cúspide» de cada casa é irrelevante.
Sistema de Casas Iguais iniciando na Cúspide – Neste sistema, as cúspides estão todas em intervalos iguais em relação umas às outras. Imaginemos que a 1ª casa cai no 4º grau de Balança. As casas seguintes iniciam-se no grau 4 dos signos seguintes e vão até ao 4º grau do signo seguinte. Este sistema é seguido pelos adeptos do subsistema de Astrologia Jyotish KP.
Alguns astrólogos adaptam um conceito usado por Ptolomeu, ( ponto afático, usado por este no cálculo da longevidade) e colocam o início de cada casa 5º antes do grau correspondente ao do Ascendente. Assim, se este cai a 10º de Leão, por ex., subtraem-se 5º e ficamos com o 5º grau que, em cada signo, corresponde ao início de cada casa.
Na astrologia Jyotish recente, a «Abordagem Sistémica» de V.K. Choudhry, cuja abordagem consideramos muito interessante, o autor concilia o sistema tradicional «um signo inteiro uma casa» com o conceito de cúspide, ao fazer corresponder, em cada casa do horóscopo, o grau em cada signo, correspondente ao do Ascendente, e que considera como o «ponto mais efetivo de cada casa», ou seja, aquele onde os significados da casa atingem o seu ponto máximo de força para produzir efeitos.
Sistema de Sripati– Este sistema considera que a «cúspide» de uma casa ou ponto de máxima intensidade dos significados dessa casa corresponde ao meio da casa. A carta Chalit baseia-se neste conceito. Conhecido o grau do Ascendente, adiciona-se 180 º e obtém-se o ponto oposto, referente à 7ª casa; conhecido o «mid heaven» ou ponto da cúspide da 10ª casa, adiciona-se 180º e obtém-se a 4ª casa.
Assim, obtêm-se os 4 ângulos do horóscopo .Este sistema é idêntico ao usado por Porfírio na Astrologia ocidental, nestes cálculos iniciais. Porém, difere a seguir pois, ao contrário do sistema de Porfírio, considera a cúspide como o meio da casa e não como o seu início.
A seguir, divide cada um dos segmentos assim encontrados – da 1ª para a 4ª; da 4ª para a 7ª; da 7ª para a 10ª da 10ª para a 1ª – em partes iguais, sem ter em conta fatores como a latitude geográfica. Para encontrar o início de cada casa , calculamos primeiro o «ponto médio da casa e aí, subtraímos 15º para encontrar o início ou adicionamos 15º para calcular o final da casa.
Sistema de Placidus– Este sistema é o mais usado pelos astrólogos ocidentais. Procede como o sistema de Sripati para encontrar as casas angulares do horóscopo mas depois diverge pois, não divide as casas intermédias em partes iguais, divide-as de acordo com a declinação do Sol e a latitude, pelo que cada casa tem tamanhos diferentes. Neste sistema, a cúspide da casa corresponde ao seu início, sendo o ponto mais intensamente significativo de cada casa.
Agora, posto isto, que dizer do sistema mais usado na Jyotish e também o mais tradicional? Ele não tem em conta o conceito de «cúspide» mas conta com uma ferramenta auxiliar que dá à Astrologia Jyotish a sua espantosa capacidade de previsão que é sem igual em outros sistemas astrológicos: as cartas divisionais, obtidas a partir da divisão de cada signo em diversas partes.
Assim, complementando a análise da carta de nascimento- Rasi ou D-1- com a análise das cartas divisionais, temos um sistema que é o mais completo de todos e o mais rigoroso , desde que a hora de nascimento seja conhecida com precisão. Esta é a razão pela qual a maioria dos astrólogos da Jyotish preferem a análise de casas iguais pois ela tem dado excelentes resultados desde a antiguidade.
Cada Astrólogo escolhe normalmente um dos sistemas de casas para trabalhar. Mas, aceite um deles, funciona com os pressupostos teóricos daí decorrentes. Misturar os sistemas de forma indiscriminada é desaconselhável e problemático em termos de resultados.